“Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um
amigo”. A frase foi imortalizada no personagem Pequeno Príncipe,
obra do francês Antoine de Saint-Exupéry, e que até hoje encanta o mundo.
O morador solitário do minúsculo B-612 gostava de viajar
pela galáxia e em suas andanças conhecer pessoas, fazer amigos, se aventurar.
Tinha ele sim, sede de encontrar amigos. Conhecê-los o
faziam sentir-se bem.
E a cada novo contato, nova experiência, o desejo por mais
conhecimento e conquistas se ampliava.
É dele, o Pequeno Príncipe, a frase – também eternizada pelo
tempo - “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Sem
sombra de dúvidas, um recado corretamente perfeito para cada um de nós, nos
dias atuais.
Aliás, no contexto geral, o personagem faz isso em todas as
situações.
O livro foi lançado em 1945 e parece inacreditável que tal
frase “Num mundo que se faz deserto”, temos sede de encontrar um amigo caiba
bem nos dias atuais, passados 67 anos de sua publicação.
E de fato, muitas vezes nos deparamos com tal cenário. Somos
um único e solitário em meio à multidão. Corremos, incessantemente em busca do
que nos preenche, completa. E não encontramos, e continuamos a busca. E nos
perdemos. Conheço tantos assim.
Seja no campo material ou no espiritual, vê-se pessoas
perdidas e a procura, de si, ou de algo mais.
Infelizes e com uma espécie de vazio – muitas vezes
inexplicável – correm (quando não se escondem) e, entre tantos outros que vem e
vão, se deparam com uma paisagem morta, pálida, desértica. Precisam se
encontrar, encontrar, viver.
Precisam do abraço, do carinho, do ombro amigo. Necessitam
de, neste mundo que se faz deserto, matar a sede – de encontrar um amigo.
E neste encontro – ou reencontro – fazer valer a máxima, de
que precisa cumprir o estabelecido. Já não está só, e tendo conquistado,
cativado, acaba se tornando responsável – inteiramente responsável – pelo
outro. E assim, nesta troca, preenchendo o vazio, pois é com o outro que se
completa.
Antoine de Saint-Exupéry foi feliz na inspiração para compor
o clássico. Afirmara no texto do Pequeno Príncipe, o quanto era necessário dar
valor à rosa do jardim. No caso, à pessoa a qual, encontrada no deserto da
vida, tornara-se especial. “Foi o tempo
que investiste em tua rosa que fez tua rosa tão importante”.
E é este tempo que devemos ter. E neste cultivar,
conquistar, reconquistar – fazer valer à pena.
Olhar o mundo com olhos de amor. Ver que não estamos só
neste universo. Que somos parte de um todo e – na busca em fortalecer a
caminhada como aprendizes na tarefa de Humano Ser, viver.
Ah, e não esquecer, conforme ensina Antoine de Saint-Exupéry
que “apenas se vê bem com o coração, pois nas horas graves os olhos ficam cegos”.
Que lindo texto... profundo.
ResponderExcluirRealmente seu texto é irretocável !!! Profundo e revelador de nossas ansiedades, principalmente nestes tempos inexplicáveis da pandemia. Penso que Exupéry previu este estado de coisas ao registrar frases e pensamentos tão pertinentes a este momento difícil e ameaçador.
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