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terça-feira, 28 de junho de 2011

Para além do berço esplêndido

A figura do berço remete a conforto e aconchego maternal. Também a certezas e comodidades. Se alguém “tem berço”, para o imaginário popular, é porque nasceu com mais chances de prosperar. Porém, e isso o povo também sabe, essa condição nem sempre garante uma vida adulta saudável e bem-sucedida. Que o diga a Parábola dos Talentos: há os que gastam o que têm, enquanto outros simplesmente enterram. Mas apenas os sábios multiplicam. 

O Brasil, pois, possui um berço que, de tão esplêndido, até virou letra de seu Hino. Ora, é dispensável detalhar a fertilidade do nosso solo, as amplitudes continentais do desenho territorial, a diversidade cultural da sociedade, as múltiplas vocações das matrizes produtivas, a riqueza da biodiversidade e, especialmente, a alma leve e bondosa da gente brasileira. É difícil encontrar lugar do mundo que, por desígnio natural, detenha tantas graças reunidas em torno de si.

Claro que, por outro lado, também somos fruto de uma origem civilizacional controversa, cujos ônus respingam até hoje em nosso cotidiano. O patrimonialismo, apenas para ficar no exemplo mais flagrante, é legado de um processo colonizatório que se fez de cima para baixo: por aqui, antes aportou a Coroa Portuguesa; só depois vieram os súditos, sob o comando e a dependência do poder já estabelecido. Público e privado facilmente se confundiram. E sugar do Estado, por dentro e por fora da lei, se transformou numa prática lamentavelmente habituada à fotografia do cenário brasileiro.

Porém, apesar dos pesares – e não há nação, mesmo as mais desenvolvidas, cujo passado não tenha seus pesares –, nosso berço continua sendo esplêndido. Os reveses jamais poderiam ser justificativa suficiente no confessionário dos pecados nacionais. Há culpas e culpados maiores e menores, por óbvio. Mas quem percebe a vocação para o trabalho do Rio Grande do Sul, a capacidade produtiva do Mato Grosso, o potencial turístico do Rio de Janeiro, a força econômica de São Paulo, o ímpeto transformador de Minas Gerais ou a riqueza cultural da Bahia – para ficar apenas em alguns modelos – não se permite desanimar. Em vez de chafurdar na história para encontrar réus, mais inteligente é por os pés no presente e lançar os olhos ao futuro.

Nosso cordão umbilical rumo a esse destino foi cortado com a abertura política. Através dela fomentamos bases mais sólidas em direção a um Brasil maduro. Antes, tudo era muito efêmero, incerto e encabulado. Não ter certeza da liberdade, afinal, é uma sensação inibidora de qualquer iniciativa humana individual ou social. Inibidora de sonhos, inclusive. Mas essa barreira foi vencida, e hoje a democracia é prática assimilada. O ingresso na vida adulta, todavia, se deu com a estabilidade econômica. Se até então já podíamos sonhar, foi só a partir daí que conseguimos por em curso, com segurança, as projeções de tantos anos.

Com esse alicerce solidificado e os parâmetros macro e microeconômicos credibilizados e em vigor, eis que dobravam os sinos: era chegado o momento de não mais deitar eternamente em berço esplêndido, mas de acordar para as múltiplas possibilidades que se punham no destino. Foi defronte dessa linha divisória que o Brasil se viu nas últimas décadas. Era hora de navegar mar adentro, voar mais alto, acelerar o passo, ir além.

Ainda estamos no curso desse caminho. Difícil dizer se no começo ou no meio – jamais no fim. O fato é que o nosso País foi guindado à posição de emergente, faz parte do Brics, libertou-se da dívida externa, é referência no cenário regional e mundial. É player. Já não se cogita apenas pelo futebol ou carnaval, Pelé ou Ronaldinho – mesmo que isso permaneça em nossos afetos. Contudo, nossas pretensões no ambiente diplomático global ainda são tratadas com desdém (não raras vezes, por justificados motivos). Internamente, estamos atravancados em defeitos que só dizem respeito a nós mesmos: emperramento da infraestrutura, defasada legislação tributária, sistema político-eleitoral contraditório, impunidade, educação de baixa qualidade e por aí afora. Nossa culpa, nossa tão grande culpa – necessária autoconfissão!

Conjuntural ou estruturalmente, ainda há pedras na estrada. Algumas maiores e outras menores, mas quase todas absolutamente vencíveis. Nosso estágio é semelhante à crise existencial dos 40 anos de idade. A poesia da juventude animou a vida até aqui, mas agora é preciso, como já se disse, entrar em campo e agir de verdade. Isso significa, saindo do terreno da figuração, ampliar as possibilidades de empreender e trabalhar, acabar com a miséria absoluta e diminuir a desigualdade social. Ou ainda: permitir que mais pessoas – de preferência, por elas mesmas – alcancem suas diferenciadas finalidades existenciais. 

Por Germano Rigotto
Ex-governador do RS, que nesta terça-feira, dia 29 de junho lança seu livro “Para além do berço esplêndido”

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O mal que o mal faz

O físico e humanista, Albert Einstein, autor da teoria da relatividade já afirmara que o mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.
Ah, a maldade, caminhando passo a passo com a humanidade, desde o princípio.
Fazer o mal vai além de não fazer o bem. Fazer o mal é roubar do outro, a possibilidade da conquista da felicidade, da harmonia, da paz. 
Fazer o bem, é ver no próximo a si mesmo. É querer ser mais e melhor a cada dia.
Mas ter na prática o bem como virtude é um processo e amadurecimento constante.
Então, não quero aqui afirmar que Einstein estava correto com sua declaração, mas, refletindo sobre suas palavras, quero crer que há sim verdade nelas.
Quem faz o mal, está aí, próximo, muitas vezes bem próximo de nós, a nos vigiar, contemplando nosso jeito de ser para que, a qualquer instante possa então, com seu plano maligno nos atacar. Mas neste combate, do qual não fomos convocados e, muito menos estávamos preparados, as armas são injustas e, muitas vezes, injustificáveis.
Espalham mentiras e maldades com o intuito de denegrir, derrubar, acabar com o outro, ou, simplesmente pelo simples prazer de ver ‘o circo pegar fogo’.
Aquele que é do bem, muitas vezes faz a opção do silêncio, acabando assim por contribuir para que o mal ‘vença’. 
Veja quanto mal faz quem faz o mal. Acaba desafiando quem é do bem a tomar uma decisão importante. Ou concorda e recebe aquilo como verdade absoluta ou então, por ser do bem, deve agir a fim de que seja cortado ‘pela raiz’ o mal o qual o outro se propôs.
É, a vida é assim. Sempre a nos desafiar. 
O cantor Lulu Santos, no seu hit “Tudo bem”, faz um olhar para este tema, e para os problemas por ele - e por cada um de nós - enfrentado por causa de quem faz o mal. “Já não tenho dedos pra contar, de quantos barrancos despenquei. Quantas pedras me atiram e quantas atirei. Tantas farpas, tanta mentira, tanta falta do que dizer...”
Pois é...tantas farpas, tantas mentiras...tanta falta do que dizer... Conheço tantos assim, que atiram pedras, empurram o outro para baixo, destilam o mal com seus gestos, palavras e ações. Nem tão aí para o que vão pensar, ou dizer, os outros.
No fundo, são infelizes. E por serem assim, sem amor no coração, desejam profundamente que o outro - eu, você, qualquer um - seja também infeliz, lamentavelmente.
...já não tenho dedos pra contar, de quantos barrancos despenquei. Quantas pedras me atiram e quantas atirei....

sábado, 18 de junho de 2011

O exemplo que vêm do outro lado do mundo


O mundo ficou surpreso nos últimos dias com a notícia de que um grupo de japoneses se apresentou ao governo de seu país colocando-se como voluntários para atuar no que está sendo chamado por muitos de “a última missão”.
Candidatos a heróis, cerca de 220 aposentados disseram ao governo do Japão estarem preparados para trabalharem na limpeza da usina nuclear de Fukushima, atingida pelo tsunami ocorrido em março deste ano. Eles são engenheiros, físicos e médicos, com mais de 60, 70 anos. A surpresa está no fato de que o perigo de contaminação da radiação pode provocar câncer e outras doenças.
Os experientes vovôs argumentaram que um estudo feito com os sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki apontou que casos de câncer só apareceram uma década após o fato. Para estes ‘velhinhos’, tempo mais do que suficiente para cumprirem sua missão na terra. E acrescentaram: os jovens que trabalham na usina têm filhos para criarem, e um longo futuro pela frente...

Pois bem, caro leitor. Diante desta lição, deste exemplo, deste ato de heroísmo, o que dizer?
Todos os dias somos chamados para a linha de frente, para a batalha, para empunhar bandeiras e armas em campos de guerras, localizados bem pertinho de nós. Mas o inimigo é invisível e nossa arma dotada de apenas uma munição: a solidariedade.
E neste front, cuja missão é ‘salvar’ o outro, nossa tarefa é estender a mão, oferecendo o carinho, o afeto, o pão.     
Temos a oportunidade do ato heróico, triunfal, mas muitas vezes optamos em deserdar, fugir, ou então, recuar para a trincheira de nosso egoísmo. Medo ou desamor ao próximo?
Ah, este chamado, que muitas vezes queremos, e nos esforçamos em não ouvir. Ele nos mostra que não é fácil viver só com o perfume da rosa. Pois com a roseira, nasce o espinho.
E como já disse Fábio de Melo, ‘quem quiser levar a rosa para sua vida, terá que saber que com ela vão inúmeros espinhos’. Mas o bom é que a beleza da flor vale o incômodo dos espinhos.
Pense nisto, e que a atitude dos ‘velhinhos japoneses’ em sua última missão, possa nos servir de lição.
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“Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo. Quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo”. - Confúcio

segunda-feira, 6 de junho de 2011

SER FELIZ - SER HUMANO

Desde que coloquei no ar este blog, em novembro de 2010, com o compromisso por mim - e para mim - assumido, de que sua atualização seria constante, muita coisa aconteceu. A repercussão tem sido bacana demais. 
São inúmeros os e-mails, ligações telefônicas, torpedos e saudações diárias, com manifestações de carinho, apreço e - de certa forma - reconhecimento pela proposta deste espaço, que aliás recebeu também lugar de destaque nas páginas do Jornal Noroeste, na Empresa Jornalística Noroeste, onde atuo há 25 anos.
A cada abordagem, uma nova reação e, com ela, o desafio de continuar - e ser melhor - cada vez mais. 
Sou humano, cheio de limitações, de falhas, de erros e - como cristão assumido - de muitos pecados. Mas é isto, sigo minha trilha, com a certeza de que muito tenho que aprender, aperfeiçoar para me transformar em um Ser Humano, digno de ser chamado assim. 
Não é fácil. A estrada é longa e tortuosa. Com curvas, obstáculos e inúmeros 'atalhos' dos quais nem sempre levarão ao caminho certo. Mas sigo em frente, errando e acertando. Talvez com mais acertos do que erro, sei lá - pelo menos este é o desejo. 
Amo a vida e os que me cercam e dela fazem - ou fizeram - parte. Tiro das lições o aprendizado, mesmo que venha a cometer - logo ali na frente - os mesmos equívocos. Amo o Ser e seus defeitos. Pois me vejo no outro, em suas vitórias e limitações, querendo ser gente. 
Acredito - mesmo que me custe caro - e aposto, que o outro pode mudar, ser melhor do que é. Perdoo. Aliás, não seria cristão se assim não agisse. Quem sou eu, nesta vida e neste aprendizado de ser Humano, em querer julgar, condenar, sem ouvir, sem tentar compreender e perdoar???? Assim fazendo, espero também o perdão.
Quero a felicidade, em sua plenitude e sua simplicidade e o mesmo desejo ao meu irmão. Aliás, o que é a felicidade? Para alguns, a dieta perfeita e garantia de um corpo em forma e para muitos, o pão na mesa, após um dia exaustivo de calos na mão. A geladeira nova, a viagem dos sonhos, o saldo positivo ou a paz no lar... não importa. O que se quer é ser feliz. Eu quero. E muito....todos os dias.....sempre. 
E você???? 

sexta-feira, 3 de junho de 2011

E a família, como vai????

Todos os dias, em todos os meios de comunicação temos acompanhado notícias nada agradáveis que nos fazem refletir sobre a quanto anda nossa família. Você tem reparado isto, caro leitor?
São notícias que envolvem jovens e o desvio do caminho devido ao contato direto com o mundo das drogas e – por via de consequencia – do crime. São violências domésticas, onde a relação de amor e respeito mútuo tem sido deixado de lado.
Não há compreensão, entendimento, diálogo, paciência. Valores éticos e morais são deturpados pelos meios, que 'vendem' verdades e 'semeiam' modismo, como se tivessem o direito de fazer-nos aceitar novas situações.

Não podemos, dentro de um novo contexto, divergir, ignorar, afirmarmos com convicção nosso ponto de vista, nossa posição. Ou se é a favor ou não. E se não aceitamos, poderemos ser taxados de preconceituosos, de andarmos na contramão. 
Ao decidir falar sobre família, não quis caro amigo, levantar bandeiras, mas sim, como sempre faço, sugerir reflexões sobre o assunto. E então, como estamos lidando, como estamos cuidando de nossas famílias?

Dia desses assisti Padre Fábio de Mello, em uma de suas belas pregações. Tratou da família e ressaltou a importância dela ter um 'selo de qualidade'.
Ele lembrou que a família não começa de uma hora para outra, família é fabrica de gente. “Para uma empresa receber um selo de qualidade todo o processo é analisado. Se você estivesse que pensar na estrutura familiar que você tem, e lhe dessem a autoridade de colocar um selo em cada pessoa, qual seria o selo que você colocaria? Qual selo de qualidade você colocaria na sua família?”, questionou, dizendo que ser família é um processo artesanal, não é como uma indústria que produz geladeira em séries, por exemplo.
Para o religioso, músico e filósofo, se percebermos, no caso de um filho, que nosso jeito de tratá-lo, de cuidá-lo, não está dando certo, é preciso encontrar outra maneira, mas é preciso fazer, antes que vem outro e o faz. “Se  você não olha para sua cria de maneira certa, você perde ela para o traficante. Ele está por ai, ele busca matéria prima do outro. Ele não vicia o filho dele, mas do outro. E é ai que você tem que olhar para mais urgente e primeira necessidade, é meu filho. Se eu negligenciar o meu papel de pai, de mãe, outro vem fazer”.....

Pura verdade, tenho certeza disto. Ser pai, ser filhos, ser irmãos é colocar o selo de qualidade todos os dias.
Em outra oportunidade Padre Zezinho citou que temos que saber usar o controle remoto. Pois se não soubermos, perderemos no futuro a autoridade dentro de casa. Ou seja, se temos o controle em nossas mãos, saberemos para onde vai nossa família.
Os exemplos – maus - estão aí, a nos mostrar que precisamos cuidar dos nossos, diariamente e de forma intensa.

“Se você passar por uma guerra no trabalho, mas tiver paz quando chegar em casa, será um ser humano feliz. Mas, se você tiver alegria fora de casa e viver uma guerra na sua família, a infelicidade será sua amiga”.
Augusto Cury