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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A Lista


Uma canção de Osvaldo Montenegro mexe muito comigo. Sabe aquelas composições, carregadas de uma bela melodia e interpretação primorosa, cuja letra parece ter sido feita para você? Toda vez que você a ouve, parece ouvir sua história.
De amores bem vividos ou não correspondidos, chegadas e partidas, não importa. Tem músicas que resumem algum momento de nossas vidas. Até porque, o próprio autor, em momento de inspiração, colocou um pouco de si no enredo. Pois é, A Lista, é assim.
É questionadora, faz refletir. Ela é - digamos – um puxão de orelha para todos nós que, neste mundo tão competitivo, “vivemos” a correr intensamente, sem reservar tempo para olhar para o lado e apreciar flores a desabrochar na primavera, ouvir o canto dos pássaros em uma bela manhã de verão ou até mesmo, arrancar sorrisos ao dar um bom dia ao porteiro de um prédio ou à senhora – cheia de sonhos de uma vida melhor – que varre a rua. Nestes momentos, apressamos o passo, preocupado em cumprir as metas estabelecidas para este dia. É amigos, cumprir metas estabelecidas. Se ontem ultrapassamos nossas metas. Hoje, iniciamos mais um dia, com metas mais audaciosas, que devem ser cumpridas – custe o que custar.
Mas, e A Lista? O que ela tem a ver com este tema que ora abordo? Bom, nos faz ver que, ao corrermos diariamente, em busca da vitória, do sucesso profissional, do dinheiro, estamos deixando de lado um valor imprescindível: a amizade. “Faça uma lista dos grandes amigos....Quem você mais via há 10 anos atrás. Quantos você ainda vê todo dia....Quantos você já não encontra mais?”. Assim começa a canção. De cara já nos sacode. Em 10 anos tantos amigos novos. Pessoas legais, mas, e os bons e velhos amigos? Onde estão? Como nos deixamos distanciar?
Dia desses, ao olhar álbuns de fotografias, meu filho perguntou quem eram aquelas pessoas em momentos diferentes ao meu lado. Um filme passou em minha memória. Quanta lembrança. As fotos, permaneceram – como eram boas aquelas Kodak – mas e os amigos???
Hoje, há uma geração que coleciona amigos. Quanto mais, melhor. Mas é uma relação diferente de outrora. MSN, Orkut, Facebook. Eles tem milhares. E neste mundo virtual, partilham informações, fotos, pensamentos, sentimentos. Uma ou outra outra vez, quando não concordam um com o outro resolvem de uma maneira bem prática o problema. Delete.
Mas Osvaldo Montenegro vai além em sua filosófica canção. “Faça uma lista dos sonhos que tinha...Quantos você desistiu de sonhar!...Quantos amores jurados pra sempre...Quantos você conseguiu preservar...Onde você ainda se reconhece, na foto passada ou no espelho de agora?..Hoje é do jeito que achou que seria...Quantos amigos você jogou fora?”.
Sem dúvidas, vai fundo em questões tão pertinentes e que merecem reflexão. E agora, neste período do ano, deixamos-nos envolver nesta metáfora: A Lista.
Natal e Ano Novo se aproximam e nos convidam a repensar valores, ponderar sobre a vida e tudo que a cerca. É este o momento de deixar nascer a criança pura, inocente e cheia de esperança que mora dentro de nossos corações.
Vamos resgatar o que ainda não está perdido. Trazer para a realidade coisas tão belas que ainda permanecem em nossas lembranças. E que o grande amigo do passado, não seja apenas o da foto amarelada pelo tempo. Que ele possa estar, como cantou Milton Nascimento, “guardado a sete chaves, no lado esquerdo do peito!”, mas, principalmente, ao nosso lado. Sejamos felizes, sem complicações.
Ouça a canção:



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